O fim do Obamacare afeta o turista em visita aos EUA?

O assunto do momento nos EUA é, sem dúvidas, o tal do Obamacare! Vocês já devem ter visto nos noticiários internacionais dos últimos dias que o Senado Americano está a todo vapor com as discussões sobre essa reforma da saúde implantada no governo do Barack Obama.

– O Obamacare cai ou não cai? Eis a questão!

Será o fim do Obamacare?
Será o fim do Obamacare?

E parece que os bons ventos não estão soprando mesmo para o lado do atual presidente, Donald Trump. Nessa queda de braços, ele sofreu mais uma derrota essa semana. O Senado dos EUA rejeitou o segundo projeto para revogar o Obamacare. -É, ainda não foi dessa vez.

Nós não vamos ficar de fora do assunto que tanto divide opiniões, certo? -VisiteSeattle também é “notícia da atualidade”!!! 😊 Até porque, muito nos interessa saber se o fim do Obamacare tem algum impacto na visita do turista aos EUA. -Será que tem?

O que é o Obamacare?

Antes de qualquer coisa, um breve (muito breve) resumo sobre o Obamacare, só para nos situar um pouco. Longe (bem longe) de esgotar o assunto. Nem me atrevo a tanto!

A lei federal americana Affordable Care Act (ACA ou Lei de Proteção e Cuidado ao Paciente) foi criada para garantir que todos os norte-americanos tenham acesso a um seguro de saúde. Foi sancionada pelo governo Obama em março de 2010 e entrou em vigor definitivamente em janeiro de 2014. Logo ficou conhecida por “Obamacare”.

Nos EUA não há sistema de saúde pública como o que conhecemos por aqui. O que há são planos privados que nem todo mundo consegue pagar (veja saúde nos EUA). A ideia da reforma na saúde feita pelo Obama era diminuir as barreiras de entrada desses planos de saúde.

Foi criada para resolver a falta de cobertura que afetava cerca de 15% da população (mais de 40 milhões de pessoas).

Não vou entrar em detalhes (não cabe aqui), mas de uma forma geral, a reforma tornou o seguro saúde obrigatório para os cidadãos americanos e implantou uma série de medidas (nas regras das seguradoras, dos programas federais e das empresas privadas) para expandir os planos de seguros públicos e privados para uma maior parcela da população.

Pela lei, todo mundo que vive nos EUA é obrigado a comprar algum tipo de seguro saúde, sob pena de multa. E para ajudar o cidadão de baixa renda, a lei concede subsídios estatais.

Mas qual o problema do Obamacare?

O problema é que a reforma não saiu como o previsto e não alcançou todo mundo que se esperava. Fato é que, mesmo depois de sua completa implantação, estima-se que mais de 30 milhões de pessoas ainda ficaram de fora, sem seguro saúde.

Dentre outras razões, a mais grave é que, mesmo com a multa, o número de pessoas que “embarcou” nos seguros subsidiados pelo Estado não é nem metade do esperado pelo Obamacare. Elas preferem esperar ficar doentes para aderir ao plano, já que uma das medidas obriga as seguradoras a aceitarem pessoas com doenças preexistentes.

Assim, a conta econômica não fecha!

O raciocínio era simples: se todo mundo tiver um seguro saúde, os prêmios fixos pagos por pessoas jovens e saudáveis compensarão os custos adicionais associados aos cidadãos mais caros. Como faz, então, se os números não chegam ao esperado?

Simples também! Os prêmios do seguro saúde sobem! Impacto direto no bolso do cidadão. Isso sem falar no aumento de custos das empresas privadas, na resistência das seguradoras, na guerra com os republicanos e na “rejeição” de uma parcela da população.

Vira uma bola de neve, que, no fim, impacta os custos da saúde como um todo (para governo, seguradoras, empresas e cidadãos). Custos esses, que sempre foram altos nos EUA (um dos mais altos do mundo). Agora então…  -Que problemão!!! Como resolver?

Como resolver o problema dos custos do Obamacare?
Como resolver o problema dos custos do Obamacare?

Uma promessa de campanha

A promessa: revogação e substituição do Obamacare!!!

Essa foi uma das propostas que Donald Trump mais enfatizou durante sua campanha presidencial. Chegou, inclusive, a afirmar que o faria nos primeiros 100 dias do mandato.

-Mas parece que não foi bem assim, né?

Os republicanos são totalmente contra a lei sanitária; alegam que ela impõe custos elevados às empresas e uma intromissão indesejada do Estado nos assuntos privados e individuais. Para Trump “o melhor programa social será sempre um emprego”! Com emprego a pessoa tem condições de pagar por suas despesas com saúde.

E a reforma “Trumpcare”? O que vem a ser?

A proposta de Trump para a área da saúde vem sendo chamada de “Trumpcare” (não me diga? 😁). Não se sabe muita coisa sobre ela. Até então, nada muito concreto.

O que se sabe é que Trump prometeu implementar um sistema onde o seguro médico não seja obrigatório, e que siga os “princípios do mercado livre“. Para ele, o Governo não tem que dizer ao cidadão “como se deve gastar o dinheiro”. É esperado também que os subsídios federais para pessoas de baixa renda sejam consideravelmente reduzidos.

Além disso, parece que o “tom taxativo” de campanha do candidato, contra o Obamacare, andou ganhando ares mais suaves e uma certa “aderência” do presidente eleito. Pelo menos no que diz respeito a dois de seus pontos fortes, que ele já afirmou tentará manter:

  • As seguradoras são proibidas de recusar planos de saúde a pessoas com histórico de doenças preexistentes.
  • Os pais podem estender a cobertura do seu seguro saúde aos filhos por mais anos.

Donald Trump pode revogar o Obamacare?

Não! Pelo menos, não sozinho. Ele precisa do apoio do Congresso Americano.

A guerra do Obamacare entre Republicanos e Democratas no Congresso é antiga. Desde que foi aprovada e assinada pela Casa Branca (março de 2010), os Republicanos tentam revogar a lei sem sucesso. Mas e agora? O que mudou? Além da pressão do atual presidente (claro!)?

Simples! Hoje, a maioria do Congresso é republicana!

-Ops! Então agora a revogação sai, né?

Não é tão simples assim. Apesar dos republicanos terem maioria no Senado, alguns senadores do partido são contra as alternativas para substituição do Obamacare apresentadas até então. As propostas acabam com planos de saúde para milhões de norte-americanos.

Não sei o número certo, mas alguns levantamentos falam em 22 milhões em 10 anos, outros em 32 milhões em 10 anos e ainda há os que falam em 18 milhões só no primeiro ano. Fato é que serão milhões de americanos sem seguro saúde com o fim do Obamacare.

-É muita gente! Sendo que as pessoas mais pobres (de baixa renda) são as mais afetadas pelos cortes.

Como resolver sem impactar tanta gente?

Difícil, né?

Uma coisa é certa, essa queda de braços ainda vai longe. O assunto saúde nos EUA não é nada simples, e sempre que algum presidente tenta mexer nesse terreno dá um “enrosco” danado.

Haja vista a divisão de opinião que o Obamacare gera entre os próprios cidadãos americanos, desde sua criação. E a tentativa frustrada do governo Clinton nos anos 90 (idealizada pela primeira-dama, Hillary), que propunha uma reforma de saúde universal para todos, e que não teve apoio popular.

A ideia do “controle do Estado sobre a vida das pessoas” é mesmo “rejeitada” pela maioria das pessoas da terra do tio SAM!

-E você? O que acha? Será que o “Trumpcare” vinga ou não vinga?

Aguardaremos cenas dos próximos capítulos. Mas, enquanto isso, ficamos de olho… 👀 👀 👀

O que o turista tem com essa discussão toda?

Será que o Obamacare afeta o turista nos EUA?
Será que o Obamacare afeta o turista nos EUA?

Então, tanto blá blá blá para que? O que nós temos com isso? Afinal, não moro nos EUA.

Ok, isso é fato. Mas será que o fim do Obamacare traz alguma mudança para o turista visitando os EUA? Afinal, adoro viajar para os EUA (eu, Luciana, pelo menos, adoro!). E também penso em mudar para lá um dia. Mas isso é outra história…

Vamos raciocinar juntos? 🤔

1º) Saúde nos EUA custa muito caro!

Os EUA possuem um dos maiores custos de assistência médica e hospitalar em todo o mundo.

Segundo dados mais recentes da Kaiser Family Foundation, organização norte-americana sem fins lucrativos especialista em pesquisa sobre saúde, em 2014 o custo médio diário de uma internação hospitalar no país foi de $2.212.

Se você precisar de atendimento numa emergência hospitalar (uma alergia, uma dor de ouvido, um braço quebrado, dores no peito, queimadura), pode facilmente precisar entre $150 e $3.000. Depende da severidade da condição e dos exames de diagnóstico e tratamento que serão executados. Mas pode chegar a $20.000, quando são necessários cuidados especiais ou procedimento cirúrgico.

Isso sem falar nos honorários médicos! E os custos de uma cirurgia particular? Aí sim, são mais caros ainda!

Resumindo: saúde nos EUA, em qualquer instância, custa caríssimo!

A pergunta é: será que, com o fim do Obamacare, esses custos diminuem? Bem, talvez sim! Muito embora eu pessoalmente não acredite nisso. Tem muito tempo que os EUA são um dos países mais caros do mundo na saúde. E ainda que os custos diminuam, implantar qualquer reforma na saúde leva tempo e custa caro. O efeito nos custos não se dará da noite para o dia! Serão anos e anos.

Será que o fim do Obamacare diminui os custos com a saúde nos EUA?
Será que o fim do Obamacare diminui os custos com a saúde nos EUA?

2º) Visitante nos EUA não tem atendimento médico gratuito

Se você é um turista em visita aos EUA e precisa de algum atendimento médico, não tem direito à atendimento público gratuito nem é elegível aos seguros saúde subsidiados do Obamacare.

Mesmo que você precise de um atendimento médico de emergência, em virtude de um acidente, por exemplo, o atendimento só será realizado se você pagar por ele.

Isso significa que um visitante nos EUA tem que arcar com seus custos médicos e hospitalares, caso precise. Ou seja, numa viagem aos EUA, você está por sua conta e risco 😟!!!

Se é assim com o Obamacare, imagina se o atual presidente (“americano da gema” que é 🇺🇸) conseguir implementar o “Trumpcare”. O turista nos EUA continuará “fritinho da silva”!

Portanto, aqui, acredito que nada muda com o fim do Obamacare. A lei sanitária não se aplica a turistas nos EUA.

3º) Seguro viagem NÃO é obrigatório nos EUA

O seguro viagem NÃO é OBRIGATÓRIO para visitantes em viagem pelos EUA. Isso significa que um turista pode ir aos EUA sem qualquer tipo de cobertura médica. O que, na minha opinião, é um ato de coragem. 💪 -Se você é um deles, uau! Corajoso!!! Ou então, não tem problemas de orçamento.

Também aqui, nada muda com o fim do Obamacare. Essa regulamentação tem muito mais a ver com o Departamento de Segurança dos EUA, que controla a entrada no país, do que com o Sistema de Saúde.

Imagina o transtorno que pode ser ficar doente ou se acidentar numa viagem aos EUA? Uma dor de ouvido, uma alergia, um corte que precisa de sutura ou um braço quebrado pode acontecer com qualquer um, a qualquer momento. Com um seguro viagem você fica tranquilo e tem assistência caso se acidente ou fique doente.

Portanto, embora não obrigatório, eu recomendo fortemente que você faça um seguro viagem quando for aos EUA! Essa é uma recomendação, inclusive, do Departamento de Estado dos EUA. Mas, cada cabeça, sua sentença. A “necessidade” do seguro viagem também não muda com o fim do Obamacare.

Minha conclusão

Até então, nada indica que mudanças ou o fim do Obamacare tenha impacto no turista em visita aos EUA, uma vez que eles não são cidadãos americanos e a lei só afeta residentes.

No extremo, sentiremos alteração no valor do seguro viagem. Isso, se houver, e quando houver, mudanças no Obamacare e implantação de uma nova reforma na saúde americana. Até lá, pode continuar curtindo suas viagens aos EUA, não esquecendo do seguro viagem internacional, claro!

Fiz um material bem legal e detalhado sobre seguro viagem para os EUA (e-book tudo sobre seguro viagem nos EUA). Tem muitas dicas legais. Corre lá e baixe gratuitamente o seu, vale a pena!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*