Gingerbread House, a casinha de biscoito do natal nos EUA

Dezembro chegou! E junto com ele, a magia e costumes que envolvem o natal… Fui apresentada a uma tradição natalina, bem a cara dos EUA, no natal que passei em Seattle em 2013; a gingerbread house. Adorei a ideia da casinha de biscoito como decoração de natal, e as crianças mais ainda.

Imagina uma casinha que parece de boneca, feita de biscoito (parecido com biscoito de maisena mais moreninho), toda enfeitada com balas e doces coloridos… Essa é a gingerbread house, a famosa casinha de biscoito de gengibre tão popular na decoração de natal em Seattle e nos EUA!

Gingerbread House
Gingerbread House

Do que é feita a gingerbread house?

Na realidade, ela é feita de pão de gengibre, super duro, que mais parece um biscoito. Contém especiarias como canela, cravo, nós-moscada e cardamomo (planta da família do gengibre), além de gengibre (claro!). É adoçada com açúcar mascavo, melado de cana, mel ou maple syrup.

A decoração é feita de guloseimas como balas, caramelo, confeito, doces e um glacê feito chantilly.

É comestível, mas não dá vontade de comer. É tão bonitinha montada que a maioria das pessoas a usam mesmo só como decoração. Até porque já me falaram que não é gostosa (meio como se não tivesse gosto de nada). Mas eu mesma não tive vontade de experimentar.

Já como decoração elas ficam lindas! Além das casas, shoppings, lojas e hotéis entram no clima e usam as tais casinhas em suas decorações e vitrines. Os americanos já gostam de enfeites e penduricalhos, imagina o que fazem com essas casinhas…

Origem da gingerbread house

A história da gingerbread house é bem legal. De certo modo lhe será familiar…

Historiadores dizem que o gengibre tem sido usado no tempero de alimentos e bebidas desde a antiguidade, e que o pão de gengibre veio do pão de mel da Roma Antiga. Acredita-se que o gingerbread tenha sido cozido na Europa no final do século 11.

Vem sendo moldado de diferentes formas ao longo dos anos, desde formas mais simples como estrelas e corações, até esculturas religiosas e outras figuras mais elaboradas (quase obras de arte).

A forma de casa veio da Alemanha no início do século 19, inspirada na estória infantil de João e Maria. Sabe aquela estória em que duas crianças abandonadas na floresta encontram uma casa comestível feita de guloseimas? Pois bem, foi essa casa de doces de João e Maria a “musa inspiradora” para a gingerbread house.

Depois que o conto dos irmãos Grimm foi publicado, padeiros alemães começaram a assar essas casas de pão de gengibre ornamentadas com doces, e elas tornaram-se popular no natal.

As casinhas de pão de gengibre (“lebkuchenhaus” em alemão) vieram para América com os imigrantes alemães durante a colonização. Eis que começou a tradição nos EUA.

Os kits de gingerbread house para decorar sua casa

O mais legal que achei dessa tradição é que você pode comprar kits para montar e decorar em casa com as crianças. Elas adoram a farra e se encantam com as casinhas coloridas.

Em nosso natal em Seattle, os meninos ficaram fascinados com a atividade de montar e decorar a casinha na véspera de natal. Os olhinhos brilhavam!

Os kits são vendidos em casas de artesanato, decoração, supermercados e até na Amazon. Podem vir já pré-montadas só para decorar, ou então em pedaços de gingerbread na forma de paredes e telhados (com janelas e portas, inclusive) para serem montados.

Um glacê (icing) funciona como cola, tanto para montar quanto para fixar os doces e balas que fazem parte da decoração. Uma bisnaga ajuda na aplicação do glacê. Vem tudo junto no kit.

Colar os doces coloridos foi o ponto alto da brincadeira para as crianças. O toque final e o acabamento ficaram por conta do meu irmão, Alexandre. Metódico que só ele, o resultado ficou uma verdadeira obra de arte! Vejam na foto abaixo. -Fala a verdade; ficou linda não foi?

Foto da Gingerbread house do natal de 2013 em Seattle - DEPOIS da decoração.
Foto da Gingerbread house do natal de 2013 em Seattle – DEPOIS da decoração.

Reunir toda a família em torno da mesa para fazer a gingerbread house foi uma delícia; é uma tradição bem divertida no natal! Adorei a experiência.

No Brasil, algumas pessoas já até conhecem a gingerbread house, mas você não encontra os kits para comprar. Eu, pelo menos, nunca vi. O mais próximo que vi são moldes para fazer casinhas de chocolate. -Uma pena!

Gingerbread House Guinness World Records

A tradição é tão levada a sério que os americanos extrapolam as pequenas casinhas para tamanhos surreais… Maquetes, casas em tamanho real e até uma aldeia inteira feitas de gingerbread comestível!

Hoje, o recorde mundial de maior casa de pão de gengibre é o de uma gingerbread house construída na cidade de Bryan, Texas, em 2013. A casa tinha inacreditáveis 1.110 m3 de volume interno, 234 m2 de área, conseguia abrigar uma família de 5 pessoas e teve valor calórico estimado em mais de 35 milhões de calorias-Surreal!

Já o recorde de maior aldeia, feita inteirinha com gingerbread, cabe a uma village feita em Nova Iorque pelo chef americano Jon Lovitch, com 135 residências e 22 edifícios comerciais. -Inacreditável, não? Comestível ainda por cima… Afinal este é o requisito necessário para ser registrada como gingerbread house no Guinness.

Quem não conhece a estória de João e Maria?

O conto Hänsel und Gretel
Hänsel und Gretel (João e Maria no Brasil) é um conto de fadas de origem alemã, registrado pelos irmãos Grimm e publicado em 1812.

A estória, tal qual a conhecemos hoje, narra as aventuras de dois irmãos, João e Maria, abandonados numa floresta pelo pai e madrasta. Os tempos eram difíceis e por causa da fome a madrasta convence o pai lenhador a abandonar os filhos na floresta, afinal, seriam menos 2 bocas para alimentar.

As crianças se perdem mas acabam encontrando uma casa feita de bolos e doces comestíveis; uma tentação para quem já estava cansado e faminto! Eles começam a comer pedaços da casa quando de dentro sai uma velhinha que os convida a entrar.

Eis que a suposta benfeitora é uma bruxa que decorou a casa com guloseimas para atrair crianças como João e Maria para comê-las.

A bruxa prende João numa gaiola para engordá-lo até a hora de cozinhá-lo, e faz de Maria sua escrava. Mas as crianças são espertas e conseguem fugir. Não sem antes prender a bruxa no forno e achar um tesouro escondido por ela.

João e Maria voltam para casa com o tesouro e encontram seu pai mais uma vez viúvo; a madrasta havia morrido, e a família, agora rica, vive feliz para sempre…

Bem, essa estória você já deve conhecer, certo? Faz parte da infância de toda criança!

Mas você sabia que a estória original não é bem assim?

Na versão do conto dos irmãos Grimm, a mulher do lenhador é a mãe biológica das crianças e os dois, pai e mãe, têm a ideia de abandoná-los. Nas edições posteriores, a mulher tornou-se madrasta das crianças e o lenhador se opõe à ideia de abandonar os filhos.

A mudança veio para suavizar a violência contra as crianças e a repulsa sobre a ideia de que pais sejam capazes de fazer isso a seus próprios filhos.

Já o fato de que a mãe ou madrasta morrem quando as crianças matam a bruxa sugere que a mãe ou madrasta e a bruxa sejam a mesma mulher, ou que, pelo menos, tenham personalidades fortemente relacionadas.

A versão original tinha o intuito de mostrar a dureza da vida na Idade Média; mostrar que devido à fome e à escassez de comida, o abandono e homicídio infantil (e até mesmo o canibalismo) eram uma prática comum na época.

Reparem na preocupação pela comida das cenas; a mãe ou madrasta colocam as crianças em perigo para evitar a fome, a bruxa tem a casa feita de comida e seu desejo é o de comer as crianças.

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